Varizes são veias dilatadas, tortuosas e insuficientes comumente encontradas nos membros inferiores. A fisiopatologia exata ainda é discutida, mas alguns fatores de risco envolvidos são: predisposição genética, válvulas incompetentes, fraqueza da parede muscular e aumento da pressão intravenosa (1).
Já os fatores de risco mais comuns são: histórico familiar, sexo feminino, idade avançada, obesidade (devido ao aumento crônico da pressão intra-abdominal), gravidez, períodos prolongados de ortostasia (ficar muito tempo em pé ou muito tempo sentado).
Qual é a diferença de varizes e vasinhos?
Vasinhos e varizes fazem parte de uma mesma doença, que é a doença venosa crônica: Alterações da circulação venosa com um espectro clínico que varia desde vasinhos até úlcera venosa, uma lesão de pele localizada, classicamente, na face medial (de dentro) do tornozelo. Para graduar a doença venosa crônica, uma classificação muito usada é a de CEAP, que vai de 1 a 6:
Veja que os vasinhos são anormalidades vasculares visíveis, mas não palpáveis (CEAP C1), enquanto varizes são veias tortuosas, dilatadas (em geral, acima de 3 mm) e palpáveis (CEAP C2). Quando há inchaço (edema), a classificação de CEAP já é C3. Dermatite ocre é uma coloração acastanhada das pernas e caracteriza CEAP C4. Quando o paciente desenvolve a úlcera venosa (estágio final da doença venosa crônica), o CEAP é C6. Quando a úlcera cicatriza, o paciente se encontra em CEAP C5.
Portanto, varizes e vasinhos fazem parte do mesmo espectro de doença, só que vasinhos são anormalidades vasculares não palpáveis: Um estágio mais inicial da doença venosa crônica; enquanto as varizes são veias maiores (3 mm ou mais), dilatadas, tortuosas e palpáveis. Os vasinhos, em geral, são compostos pelas veias reticulares (1 a 3 mm) e telangiectasias, os vasinhos mais finos, bem superficiais à pele.
Quais são os principais sintomas das varizes? E Quais as principais complicações?
Os principais sintomas da doença venosa crônica são peso, cansaço e inchaço nas pernas. Em geral, um inchaço que aparece ao fim do dia e mais concentrado nos tornozelos e parte distal das pernas (3). Os sintomas podem ser unilaterais ou nas duas pernas, a depender da extensão e acometimento da doença. Dor em queimação, câimbras, formigamento e coceira também são sintomas possíveis, embora menos comuns. Mulheres têm uma probabilidade maior de desenvolverem sintomas da doença venosa crônica que homens (4) e os sintomas se intensificam à medida que a gravidade da doença avança (5).
As varizes, se não tratadas, podem evoluir com ulceração (CEAP C6), trombose venosa superficial (e, eventualmente, trombose venosa profunda) e varicorragia, condição em que a pressão elevada dentro da veia causa uma pequena ulceração da pele e resulta em sangramento ou hemorragia.
Referencias bibliográficas:
Raetz J, Wilson M, Collins K. Varicose Veins: Diagnosis and Treatment. Am Fam Physician. 2019 Jun 1;99(11):682-688. PMID: 31150188.
Lurie F, Passman M, Meisner M, Dalsing M, Masuda E, Welch H, et al. The 2020 update of the CEAP classification system and reporting standards. J Vasc Surg Venous Lymphat Disord. 2020 May 1;8(3):342–52.
Bradbury A, Evans C, Allan P, Lee A, Ruckley CV, Fowkes FG. What are the symptoms of varicose veins? Edinburgh vein study cross sectional population survey. BMJ. 1999;318(7180):353-356.
Langer RD, Ho E, Denenberg JO, Fronek A, Allison M, Criqui MH. Relationships between symptoms and venous disease: the San Diego population study. Arch Intern Med. 2005;165(12):1420-1424.
Bergan JJ, Schmid-Schönbein GW, Smith PD, Nicolaides AN, Boisseau MR, Eklof B. Chronic venous disease. N Engl J Med. 2006;355(5):488-498.